quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quem nunca amou loucamente que atire a primeira pedra.

O que dizer do amor? Eu diria no auge do meu deboche que o amor é um sentimento louco! Sim, louco...e sentido por pessoas loucas! Quantas vezes você se sentiu louca de amor? Quantas vezes fez coisas loucas por amor? Por quantas inúmeras vezes se anulou por amor...ou por pensar que sentia amor?!?!? Quem nunca amou loucamente...que atire a primeira pedra!

Muitos de nós, ou todos nós, confundimos alguns sentimentos e acabamos por classificar paixão, carinho ou obsessão como amor, mas o amor é mais que isso e ao mesmo tempo, menos que isso!Somos completamente apaixonados pela pessoa que amamos, temos um carinho imenso e de certa forma somos obcecados por ela. Porém, quando um desses sentimentos passa da medida, o amor se transforma em um “não amor”. O triste é que a gente só percebe o desequilíbrio quando a tristeza toma o lugar do amor, e ai meu amigo ou minha amiga “Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de “desinventar”.

O coração dói!...ou melhor, o coração não! Eu gostaria de descobrir de onde surgiu a idéia de fazer do coração o símbolo do amor?! Eu pergunto a vocês: O que vocês sentem quando sofrem alguma desilusão amorosa? Infarto no miocárdio? Não!!! Definitivamente não! De certa forma, ainda bem, pois caso contrário, muita gente já teria morrido! Acredito que a maioria das pessoas sinta dor de Estômago perante desilusões amorosas! Futura Gastrite! Este sim é um órgão digno de ser a simbologia do amor! E a frase que esperamos ouvir é (suspiros): Você mora dentro do meu.....ESTÔMAGO!?!?!?!.....uma pena soar tão bizarro.

Em um momento ou dois da minha vida, não, não, talvez três ou quatro, pra ser sincera, estive bem chateada com essa coisinha chamada amor e nunca esqueço do que meu irmão disse, talvez ele não se lembre (se não se lembrar, pode culpar a deficiência de acetilcolina). Bom, ele falou que o amor é como uma pedra preciosa, de beleza inigualável, que uma vez derrubada, jamais terá o mesmo valor, porque precisaria lapidá-la, ou então colar os caquinhos, dependendo do impacto! Na época eu pensei: puxa vida, to lapidando tanto essa pedra que daqui a pouco ela desaparecerá!..e por ironia do destino....ou por minha sorte...desapareceu mesmo!....rs...

Mas como o amor começa? De uma amizade duradoura? De um simples olhar? Paixão a primeira vista? Por admiração? A quem diga que o amor começa pelos olhos, mas não tem nada haver com a cor dos olhos e sim com a maneira de olhar e de penetrar! Eu particularmente gosto muito de olhares, dos envolventes, e daqueles que brilham.

Bom, depois do olhar a gente analisa o conteúdo! Existem pessoas que observam o conteúdo da frente e de trás primeiramente, eu não sou assim! Se bem que meu padrão de beleza para homens segundo meus amigos Caio, Fábio e Kim, é lamentável. Uma vez o Caio perguntou se eu o achava bonito, porque se eu dissesse que sim ele ficaria bem preocupado. Este dia fui tirar a dúvida com minha orientadora, a Dra. Maria Beatriz. Fomos ao Mac almoçar e no estacionamento eu perguntei para todos o que achavam de um rapaz que estava estacionando o carro. Os meninos riram e só balançaram a cabeça em um sinal negativo, mas isso não foi nada! O pior foi o comentário da Bia: ai Vanessa, ele parece um rato! Pois é, ta ai meu padrão de beleza para homens!..rs...mas não se preocupem ex ex ex ex, a Bia é muito exigente, vocês são bonitos sim!....

Prosseguindo, além do olhar, existe um outro fator de grande importância para os enamorados: O cheiro! O cheiro tem que bater! O cheiro tem que ser bom pra você. E eu não estou referindo aos perfumes da natura, boticário. Estou me referindo ao cheiro natural. Alguns pesquisadores afirmam que exalamos compostos químicos pelos milhões de poros da nossa pele e até mesmo pela boca, que são denominados de ferormônios.

Quando a gente se apaixona, nossas pernas tremem, o coração dispara e a boca seca (o que me faz lembrar da cena do filme “Eu, Eu mesmo e Irene...hilário a parte que a boca do cara fica seca)...continuando: e isto ocorre só em pensar ou olhar para pessoa desejada. Nessa época nos sensibilizamos tanto com músicas que jamais imaginaríamos. Duvido que alguém apaixonado não tenha prestado atenção em alguma música do Rei Roberto Carlos. O cara que diz que o amor é tão grande como contar com o conta gotas o imenso azul do mar...”

Com o passar do tempo essas tremedeiras se tornam mais amenas e o mar ali de cima vira uma piscina...sem ondas...sem a euforia das ondas e o amor pode acabar ou se esconder.

O engraçado é que quando a gente acaba um relacionamento a gente quer mais é curtir, dançar o tal do “rebolation”, ir para baladas e “catar a rodo”, isso ajuda a subir o ego principalmente das pessoas que foram deixadas!

Depois de uma ou duas semanas de curtição, a solidão toma conta do nosso pensamento, do nosso ser! E ai vem a tal da tristeza! E músicas do tipo sertaneja e pagode são até boa pedida! O que eu já vi de roqueiro (a) cantar: “Eu não aguento maaaaais essa saudade, e essa solidão que me invade me faz ver, tudo que eu quero é você de voltaaaaaa....” ou então: “Choro toda vez que entro em nosso quarto, toda a vez que olho no espelho, toda a vez que vejo o seu retrato...”

E isso segue até a pessoa encontrar um novo amor ou voltar para o antigo amor e todas as reações acontecerem de novo, só que agora de uma maneira mais equilibrada, porque a pessoa não cometerá os erros do passado! Pelo menos é o que se espera. A tendência é sempre melhorar. Se bem que existem casos e casos, há quem desista do amor, há quem fique descrente do amor, há quem se revolte, há quem queira vingança! E este ser humano aí vira um daqueles “apaixonados loroteiro”.

Os apaixonados loroteiros são aqueles que prometem mundos e fundos em um primeiro encontro. O pior é que eu já ouvi uma lorota logo depois do primeiro beijo que dei em um cara. Ele disse: Você vai casar comigo!...ham....não pensem que é porque meu beijo é bom não, se bem que ninguém reclamou rs, mas era uma LOROTA! E como eu já estava bem vacinada, eu sorri (um sorriso amarelo, claro) e pensei: Tadinho....tenta essa com outra!....virei as costas e fui curtir a balada. Talvez ele tenha conseguido algum progresso com outra mulher, talvez ele tenha aprendido que mulher não é tão bobinha assim!

Mas existem muitos tipos de amantes. Temos os amantes platônicos, aqueles que colocam a pessoa amada no altar e se esquecem que anjo ou santo, só existe lá no céu.

Temos também os amantes viciados, que amam, amam e amam, mas amam várias pessoas! Estes são os viciados nas sensações prazerosa que ocorrem no começo do namoro, as tais tremedeiras, e são incapazes de manter uma relação duradoura.

Existem também os amantes narcisistas, daqueles que só sentem amor verdadeiro quando se olham no espelho! Ouvi isso em algum lugar....rs.

Os amantes S.O.S, que são super cuidadosos e chegam até sufocar. Eles cuidam tanto da pessoa amada que fazem ela parecer uma idiota, uma pata, sem vida, sem vontades....muito cuidado senhores e senhoras amantes S.O.S...tudo que é demais se torna tóxico, até o cuidado extremo.

Por outro lado existem os amantes desencanados, daqueles que não cuidam, porque acham que está com a pessoa na mão ou por não serem acostumados a dar carinho. Bom, é melhor se acostumarem a dar carinho então, porque vocês não namoram uma plantinha (também já ouvi isso), não é somente regar, fazer o básico...HELOOOOOO a concorrência tá grande! E tem muita gente querendo encontrar um grande amor e roubar o seu....rs

Por fim, temos os amantes mais realistas. Geralmente são aqueles que já foram platônicos, loroteiros, narcisistas e agora estão mais realistas, mas não são perfeitos. São aqueles que fazem sem querer nada em troca, que dizem que amam sem esperar um “eu também” e pra dizer a verdade, são estes amantes que recebem mais amor.

Bom, mas toda essa história linda de amor tem seu lado científico. Pesquisadores como Cindy Hazan da Universidade Cornell de Nova Yorque e FISHER (2004), relacionaram de alguns compostos químicos com o amor. Tais compostos são: dopamina, noripinefrina, feniletilamina, oxitocina, vasopressina e serotonina.

A noripinefrina é um estimulante natural que pode estar associada à euforia, falta de sono (FISHER, 2004) e marca bem a sua presença no começo do namoro, é essa danadinha ai que acelera nosso coraçãozinho.

A Dopamina é importante no mecanismo do desejo, nos faz sentir felizes, seu efeito no cérebro é semelhante aos da cocaína. Ta aí o porque do amor ser viciante.

Já a serotonina, em níveis baixos, parece estar associado à fixação no ser amado (RIBEIRO-CLARO, 2005). É ela que nos faz pensar 24 horas no amante e é ela a causa da desconcentração. Segundo a Dr. Marazziti, pessoas doentes de amor, daquelas compulsivas, apresentam níveis tão baixos de serotonina quanto as que apresentam alguma doença mental. E isso ainda é pouco, esta mesma doutora observou que as bebidas alcoólicas também diminuem os níveis de serotonina no cérebro, criando a ilusão de que a pessoa do lado do bar é o amor da sua vida. E eu ainda dei as costas pro gatinho da balada, coitado, poderia estar sob esta condição.

Todos estes compostos presentes em nosso organismo na fase de “enamoramento” são controlados pela feniletilamina. É um toque na mão, um simples olhar que faz essa substância se destacar no nosso organismo. E um fato bem curioso é que ela também está presente no chocolate. É por isso que quando estamos carentes o chocolate é uma ótima companhia....há quem troque um namorado por um chocolate.

De acordo com RIBEIRO-CLARO (2005) e Cindy Hazan, da Univerdidade Cornell de Nova Yorque, os seres humanos são biologicamente programados para sentirem-se apaixonados durante 18 a 30 meses, pois o organismo se acostuma com as sensações geradas pelos compostos e acaba resistente aos seus efeitos. Por isso que os amantes viciados são incapazes de manter um relacionamento duradouro ou se permanecem no relacionamento antigo acabam sendo infiéis, na busca de mais uma dose de excitação.

Os dois últimos compostos a serem tratados aqui são: oxitocina e vasopressina. Estes dois compostos são responsáveis pela passagem do amor eufórico e de atração para um amor mais sóbrio. A oxitocina é uma proteína produzida pelo hipotálamo, também chamada como hormona do carinho e abraço. É também liberada durante o orgasmo. De acordo com FISHER (2006), a melhor forma de fazer uma mulher se re-apaixonar pelo seu companheiro quando a relação “esfria” é fazendo sexo! Portanto, caprichem nas fantasias!

A vasopressina, minha predileta, é conhecida como substância da fidelidade, uma vez que está relacionada ao comportamento monogâmico.

Como vimos o amor além de ser um ato de alma (para aqueles que valorizam este sentimento), também é um “cocktail” de compostos viciantes! É bem difícil você descrever, ou mesmo definir o que é o amor, seja ele o que for, sentimento louco, insano, gostoso, prazeroso, cruel, fantástico...Ele é tudo, ele é nada, ele é ferida que dói e não se sente, e que se sente, ele é o prazer de ser e de não ser, é a mesma palavra dita ao mesmo tempo pelos namorado, é a fantasia e a magia.

E deixo aqui o meu desejo para o amor de todos vocês:


“....Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure...”

Vinícius de Moraes




terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Uma vida em um ano com minha avó

Palavras-chave: Mal de Alzheimer, memória, confusão mental.


Eu tenho aquela imagem santa que a maioria das pessoas tem das avós. Para mim, elas sempre representarão algo sereno e sincero. Neste primeiro tópico vou escrever sobre minha avó materna. Foi uma pessoa fantástica apesar do gênio: o gênio de escorpião...sem mais! Rs.... Minha avó faleceu com 94 anos e um ano antes ao falecimento, morou comigo e com meus pais.

Acredito que todo mundo quer que os avós morram lúcidos, ou melhor, a gente nem quer que eles morram, queremos os velhinhos conosco por toda a nossa vida, e ta ai nosso egoísmo, ou o carinho, semente que eles mesmos plantaram! Pena que tal fato seja impossível.

Minha avó faleceu lúcida, quer dizer, mais ou menos lúcida. Um dia ela me confundiu com um anjo, e de anjo, realmente não tenho nada! Porém, gostei da denominação! Neste caso, prefiro acreditar em sua lucidez!

De qualquer forma, à medida que envelhecemos, sofremos perda de células cerebrais, e este é um processo natural, porém, tal processo pode ser acelerado ou agravado por algum tipo de demência, como por exemplo, o mal de Alzheimer. De acordo com RIBEIRO (2008) o mal de Alzheimer atinge, sem restrições de sexo, cerca de 10 a 20% da população com mais de 60 anos.

Segundo SHIMODA et al (2003), esta doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer, que identificou a existência de proteínas beta-amilóide nos espaços entre as células nervosas, interferindo nas funções normais do cérebro.

Além disso, a doença causa uma perda de células nervosas no cérebro, na região do núcleo basal de Meynert. Região rica em acetilcolina (neurotransmissor), importante para a formação e a recuperação de memória.

O mal de Alzheimer é uma doença que não apresenta cura, mas como dizem os médicos “existem doenças incuráveis, porém não existem pacientes “intratáveis”.

Inibidores da acetilcolinesterase, medicações que inibem a enzima responsável pela degradação da acetilcolina, são comumente utilizados, pois a deficiência de acetilcolina é considerada epifenômeno da doença de Alzheimer (SHIMODA)

O exercício físico acompanhado por um profissional promove também bons resultados, uma vez que aumentam a capacidade de aprendizado e auxiliam na redução da formação das placas de proteínas beta-amilóide (SHIMODA).

Minha avó não teve diagnóstico de Alzheimer, mas muitas coisas ela esquecia, ou confundia. A começar a distinguir o anjo da vanessinha aqui!...rs....As vezes ela trocava o nome e eu gostava quando ela me chamava de Jolie!..ta ta....ela nunca m chamou assim!...pena, mas fico com o anjo então!

Vovó passou seu último ano em minha casa, dormindo em meu quarto. Ela rezava a noite inteira! Mas não era apenas o Pai nosso, era o terço, e em voz alta. Terminado o terço ela ia dormir, mas acordava de hora em hora pra fazer xixi e lá ia eu acordar para levá-la ao banheiro.

Ela acordava cerca de 5 horas da manhã e adivinhem para quê? Para rezar o terço de novo.....e lá íamos nós para a reza...Pessoas com Alzheimer muitas vezes se esquecem das necessidades diárias, como tomar banho, mas minha avó não esquecia. Depois do terço ela sentava na caminha dela e fazia barulhos pra eu acordar e dar banho nela. Era sempre uma aventura! Ela gostava de lavar a cabeça e principalmente dos moicanos que eu fazia, imaginem uma velhinha de olhinhos azuis e de moicano?...e assim ela ficava toda cheirosinha desde a madrugada!...

As vezes ela tinha alguns ataques severos de memória ou de confusão mental, período em que as danadas das proteínas beta-amilóides entravam em ação.

Uma vez ela acordou no meio da noite dizendo que estávamos em uma enchente e q eu precisava levantar porque a água ia me levar, mas não havia água alguma, a não ser o xixi q ela fez no chão e eu certamente pisei, quando levantei descalça.

Muitos dias ela acordava sem a dentadura. Eu dizia a ela pra tirar antes de dormir porque os dentistas recomendam, mas quem disse que ela m ouvia? Os velhinhos tem tanta personalidade não é?...ou...teimosia!!! Ela dormia com a dentadura, mas todo dia de manhã ela acordava a procura da mesma e quase sempre estava embaixo da cama! Não sei quando e nem o porquê ela tirava, só sei que aparecia sempre embaixo da cama.

Uma vez ela acordou com a boca estranha e nem falava direito. Nesse dia surtei, a gente sempre pensa o pior. Ela falava enrolado ai pensei: Pronto...derrame! Mas olhei bem pra boca dela e percebi que seus dentes superiores estavam um pouco pequenos....sim, ela trocou a posição..incisivos superiores no lugar dos inferiores e vice versa. Até que ficou engraçadinha.

De todos os acontecimentos, o mais traumático para mim foi o dia que ela me confundiu com a privada! Isso mesmo, eu estava dormindo quando escutei um “barulhinho”, eu já estava até com minha audição apurada, minha sorte, porque quando abri meus olhos, vi uma imensa “lua branca” quase sentando na minha cara! Nem mesmo sei como consegui levantar com tanta rapidez. Rapidez o suficiente para não morrer de asfixia. E Ela ainda me disse: eu só queria fazer xixi!....ah claro....o banheiro seria o melhor lugar não é mesmo vovozinha!?!?!?

É, a vida ao lado da vovó renderam muitas risadas! E muita satisfação, tínhamos muitas conversas e eu contava tudo pra ela, na maioria das vezes ela esquecia, o que era bom algumas vezes.

Incrível como estes velhinhos fazem falta na vida da gente....sinto saudades até da “lua branca”! Mas o que mais me faz falta é o calor dos abraços, mas que ainda consigo guardar e sentir a essência em minhas lembranças’.




Bibliografia

RIBEIRO, R. Alzheimer – Que doença é esta?. Revista espaço acadêmico, n° 91, 2008.

SHIMODA, M. Y; DUBAS, J.P; LIRA, C. A. B. O exercício e a doença de Alzheimer. Centro de estudo de Fisiologia do Exercício – CEPE. Texto baseado em RIMMER, J.H. Alzheimer disease. In: DURSTINE, J.L; MOORE, G.E (org). ACSM’s Exercise management for persons with chronic diseases and disabilities. 2 nd edition. Champainh, IL: Human Kinetics, 2003, p 311 – 319.